Por Dr. Petrus Raulino

 

O que é o Transtorno Bipolar?

O Transtorno Bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por episódios depressivos e maníacos. Afeta cerca de 1% da população mundial. Há estudos que relatam aumento da prevalência nos últimos anos.

O diagnóstico de Transtorno Bipolar é realizado por anamnese (história clínica), exame mental e exames complementares (para a exclusão de outros diagnósticos).

Por isso é imprescindível lembrar: em caso de dúvida, consulte seu médico.

 

E o que é lítio?

O lítio é um tratamento de primeira linha a longo prazo para a estabilização do Transtorno Bipolar, mas há pacientes que podem não responder satisfatoriamente ao mesmo.

Os motivos pelos quais há pacientes com Transtorno Bipolar resistente ao lítio ainda não são claros, mas novas pesquisas indicam que isto pode estar relacionado à atividade, ou falta dela, de um gene chamado LEF1 (gene importante para regular a atividade neuronal).

 

Estudos sobre lítio e o transtorno bipolar

Uma pesquisa publicada online no periódico Molecular Psychiatry evidenciou que a diminuição na expressão do gene LEF1 pode ser a razão pela qual alguns pacientes com transtorno bipolar não respondem ao lítio.

No estudo foram encontradas deficiências na expressão do gene LEF1 em pacientes que não responderam ao tratamento com lítio.

A diminuição da expressão do gene LEF1 não só alterou a função neuronal normal, como também promoveu a hiperexcitabilidade celular.

Os resultados sugeriram que o gene em questão pode desempenhar um papel importante no controle da hiperexcitabilidade neuronal e servir como um potencial alvo para novas pesquisas sobre a terapia medicamentosa.

Novos estudos são necessários para obter uma melhor compreensão de como esses achados de relevância científica podem se traduzir em novas abordagens terapêuticas.

Enquanto isso, observamos o potencial da genética como fator que pode influenciar a ocorrência de transtornos psiquiátricos, assim como a resposta terapêutica.

 

Referências

1. Organização Mundial da Saúde. (1994). CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Edusp.

2. Merikangas, K. R., Jin, R., He, J. P., Kessler, R. C., Lee, S., Sampson, N. A., … & Zarkov, Z. (2011). Prevalence and correlates of bipolar spectrum disorder in the world mental health survey initiative. Archives of general psychiatry, 68(3), 241-251.

3. Yutzy, S. H., Woofter, C. R., Abbott, C. C., Melhem, I. M., & Parish, B. S. (2012). The increasing frequency of mania and bipolar disorder: causes and potential negative impacts. The Journal of nervous and mental disease, 200(5), 380.

4. American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.

5. Santos, R., Linker, S. B., Stern, S., Mendes, A. P., Shokhirev, M. N., Erikson, G., … & Gage, F. H. (2021). Deficient LEF1 expression is associated with lithium resistance and hyperexcitability in neurons derived from bipolar disorder patients. Molecular psychiatry, 1-17.