Estresse pós-traumático: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

Estresse pós-traumático

O Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT) é um transtorno que tem como base reações intensas, desagradáveis e disfuncionais que costumam ocorrer após um evento de grande impacto emocional. É muito comum, por exemplo, em soldados que voltam da guerra.

A patologia é conhecida desde a antiguidade. Já foram encontradas escritas em tábuas da Mesopotâmia contendo informações de soldados, depois da guerra, que tinham visões com os homens do exército inimigo que tinham matado.

É claro que não era conhecida por este nome, mas o fato é que é um problema que sempre existiu e foi a partir da Guerra Civil Americana que esses sintomas foram vistos com maior atenção.

Hoje, temos não só uma definição clara como também os critérios diagnósticos no DSM-5 para auxiliar a identificar os sintomas e assim, iniciar o tratamento, o quanto antes, para a melhora do paciente.

O que é Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)?

Definição e Contexto Clínico

A apresentação clínica da patologia pode variar para cada indivíduo. Alguns, por exemplo, revivem o mesmo sentimento do medo em que são colocados em uma situação banal do dia a dia que lembre, ainda que vagamente, a situação traumática.

Outro sintoma comum é que a pessoa deixa de sentir prazer e satisfação em realizar tarefas que antes eram como hobbies e há também a predominância de pensamentos negativos na mais simples situação.

Há também pacientes que possuem comportamentos com grande excitação, mas há também comportamentos dissociativos como amnésia temporária, despersonalização (sensação de desprendimento de si mesmo, percepção distorcida do mundo e assim por diante.

Ou seja, é preciso uma avaliação criteriosa e precisa para entender que se trata de TEPT e não de outra patologia. Dessa forma, a experiência de um bom profissional e entender quando um diagnóstico diferencial é necessário são pontos fundamentais e importantes para o início do tratamento.

Quando o TEPT é complexo?

No TEPT temos eventos traumáticos pontuais como um acidente de carro, um assalto, uma situação violenta e assim por diante. Foi uma situação que ocorreu em um determinado momento da vida.

Porém, no caso do estresse pós-traumático complexo, o evento se prolonga por muito tempo, como meses ou anos. São situações como abusos físicos, psicológicos e sexuais, especialmente em crianças e adolescentes, torturas, situações de guerra e violência doméstica.

Assim, no caso do estresse pós-traumático complexo, a intervenção no tratamento precisa ser analisada com maior atenção.

Sintomas de Estresse Pós-Traumático

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Sintomas Intrusivos

São lembranças e pensamentos angustiantes que surgem na mente de forma incontrolável e involuntária. No caso de crianças com mais de 6 anos de idade, os pensamentos intrusivos podem aparecer nas brincadeiras, seja na temática de uma história de faz de conta ou em outros aspectos.

Os sonhos nos quais há um sentimento de angústia presente também podem ser recorrentes, mas não costumam mostrar claramente que estão relacionados ao evento traumático, porém, é como reviver as mesmas sensações.

Os flashbacks também são sintomas intrusivos. Muitas vezes, um objeto ou situação no ambiente faz com que a mente volte para o momento do trauma, trazendo lembranças indesejáveis.

Comportamentos de Esquiva

O paciente evita, a qualquer custo, situações ou estímulos que estão associados ao evento. Por exemplo, passar pelo local do acidente ou perto, fazer tarefas que lembram o fato (mesmo aquelas que sempre foram prazerosas), ter contato com pessoas que participaram do momento de alguma forma e assim por diante.

Alterações Cognitivas e Emocionais

O paciente não consegue se lembrar de algumas partes do evento traumático que tem como causa uma amnésia dissociativa  e não por outros motivos como traumatismo craniano no caso de acidente, por exemplo. 

A pessoa passa a ter crenças e expectativas muito negativas sobre si mesmo e também sobre os outros: “não posso confiar em ninguém”, “o mundo é muito perigoso”, “nunca mais serei capaz de amar de novo”…

Hipervigilância e Reatividade Aumentada

Aqui, o paciente apresenta reações emocionais exacerbadas sempre que se depara a algo relacionado ao evento como uma conversa sobre o assunto.

Assim, ele pode apresentar surtos de raiva desproporcional à situação que podem ser expressos na forma de agressão física ou verbal, comportamentos imprudentes e também hipervigilância, tendo assim problemas de concentração e também dificuldade para dormir.

Bases Biológicas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

O cérebro de pacientes com TEPT apresenta uma disfunção em dois eixos importantes: o simpático-adrenal e o hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) responsáveis pela produção de cortisol e noradrenalina.

Em pessoas sem a patologia, esses eixos funcionam perfeitamente, estimulando a produção desses hormônios na quantidade ideal para que o processo de consolidação da memória emocionalmente carregada aconteça no hipocampo (região do cérebro responsável por guardar informações importantes e comportamento). Isso é essencial para a sobrevivência, pois é por causa disso que não colocamos a nossa mão numa chama, por exemplo.

No caso de pessoas com TEPT esses eixos funcionam de forma diferente. A noradrenalina é produzida em uma quantidade maior que o necessário e o cortisol — que tem como papel controlar a produção dessa substância — é produzido em quantidade menor do que deveria.

Assim, o processo de consolidação da memória emocionalmente carregada fica exacerbado, ocorrendo uma hiperconsolidação da memória, o que explica vários sintomas do paciente com TEPT como os pensamentos intrusivos e os flashbacks.

Inclusive, esses sintomas geram uma espécie de retroalimentação, ou seja, quando esses pensamentos ou flashbacks surgem há um aumento da noradrenalina que reforça a fixação daquela memória do trauma.

Diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Critérios Clínicos

O DSM-5 estabelece os critérios que devem ser aplicados para o diagnóstico da doença. Isso inclui:

  • vivenciando o evento traumático ou como testemunha;
  • saber que o evento envolveu um familiar próximo;
  • ser exposto, continuamente, a detalhes do evento traumático (por exemplo, policiais que lidam diretamente com casos de abuso infantil;
  • ter um ou mais dos sintomas intrusivos;
  • alterações negativas no funcionamento do cérebro ou do humor;
  • ser extremamente reativo a qualquer coisa que tenha relação, direta ou indiretamente, com o evento traumático.

Alguns dos sintomas devem durar mais de 1 mês e devem causar prejuízos significativos na vida social, familiar, profissional ou outras áreas. Além disso, esses prejuízos não devem ser causados pelo uso de substâncias como medicamentos, álcool e outras, ou mesmo alguma condição médica.

Diagnóstico Diferencial

Há outros transtornos que podem ser facilmente confundidos com o do estresse pós-traumático por causa dos sintomas que são parecidos. Mas um profissional experiente e atento aos critérios do DSM-5 será capaz de diferenciá-los e oferecer o diagnóstico correto.

Por exemplo, no TOC também existem pensamentos intrusivos recorrentes, porém, não estão relacionados a um evento traumático vivenciado pelo paciente. Outro exemplo é o Transtorno Depressivo Maior que pode ou não se desenvolver depois de um evento traumático.

Leia também o nosso conteúdo sobre depressão e neuroinflamação.

Tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Psicoterapia

Aqui, o profissional tem como objetivo expor a memória ao evento traumático, fazendo o paciente contar a situação várias vezes e, a cada vez que é contada, há maior riqueza de detalhes, ajudando o profissional a trabalhar melhor essas memórias. 

Isso ajuda o paciente a reduzir e a eliminar associações de pessoas, cheiros, sons, lugares e outros com a situação traumática e assim identificar que não há perigo iminente em situações comuns do dia a dia que possam ativar essas memórias.

Medicamentos

De modo geral, o tratamento psicofarmacológico, mesmo os de primeira escolha, não leva a uma melhora significativa do paciente e apenas 20 a 30% apresentam a eliminação dos sintomas. 

Portanto, a melhor escolha a ser feita é associar a medicação à psicoterapia, especialmente à técnica de exposição. Porém, cada profissional irá determinar qual o melhor tratamento — ou combinação — para cada caso. 

Entre os remédios mais usados no tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático temos fluoxetina, paroxetina e sertralina como os de primeira linha.

Terapias complementares

Nesse momento é importante investir tempo em algo que faça o paciente se sentir melhor, que possa reduzir a ansiedade e os pensamentos intrusivos, por exemplo. Terapias como ioga, reiki, meditação e várias outras podem ajudar.

Prevenção e cuidados pessoais

Estratégias de autocuidado

A depender do tipo de trauma é importante criar estratégias para evitar que a situação se repita. Por exemplo, no caso de abusos físicos e psicológicos, uma ação que pode ajudar é se afastar da pessoa que provocou o trauma. É importante ter o acompanhamento de um psicólogo para que esse afastamento se dê de forma racional, pela própria segurança e não por um medo excessivo.

Além disso, cuidar de si é essencial. Fazer exercícios, se alimentar melhor, cuidar das relações pessoais, não fugir dos sentimentos e vivenciá-los com as pessoas que ama, ao seu lado, pode ajudar na prevenção do TEPT.

Importância do profissional e apoio social

Ter apoio de profissionais especialistas no assunto é fundamental e poder falar sobre sem preconceitos também é importante. Não tenha vergonha de procurar um psiquiatra ou falar para alguém que está fazendo terapia para ajudar a superar a situação traumática.

Agora que você já sabe bastante sobre o Transtorno do Estresse Pós-Traumático e desconfia que possa ter o problema, procure um psiquiatra. O Dr. Petrus possui anos de experiência e além das consultas presenciais, também oferece a opção de consultas online. Veja como funcionam os atendimentos!  

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