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Psicofarmacologia: entenda sobre

Psicofarmacologia é uma disciplina que explora o uso de fármacos para o tratamento de transtornos mentais. Esta ciência busca desvendar como os medicamentos psicotrópicos atuam no cérebro, influenciando o comportamento e as emoções. 

Neste guia, mergulharemos em tópicos essenciais da psicofarmacologia, abordando desde a definição até a relevância desses medicamentos no tratamento de transtornos mentais. 

Além disso, discutiremos como a psicofarmacologia se integra ao nosso dia a dia e seus benefícios quando utilizada devidamente. Preparado para embarcar nessa jornada de conhecimento?

O que é Psicofarmacologia

Psicofarmacologia é a ciência que estuda a influência dos medicamentos sobre o comportamento e as funções mentais. Em outras palavras, ela se dedica a entender como substâncias químicas interagem com o sistema nervoso. 

Esta área abrange o estudo de medicamentos psicotrópicos, que são usados no tratamento de uma variedade de transtornos mentais. Esses medicamentos podem alterar a química cerebral e, por consequência, o comportamento e o estado emocional.

Importância da Psicofarmacologia

A psicofarmacologia desempenha um papel crucial na saúde mental. Ela permite aos médicos psiquiatras, como o Dr. Petrus, prescreverem medicamentos adequados para tratar condições específicas. 

Esses medicamentos, quando usados corretamente, podem ajudar a controlar sintomas, melhorar a qualidade de vida e facilitar a recuperação. 

Além disso, a psicofarmacologia ajuda a entender melhor as bases biológicas dos transtornos mentais, contribuindo para o desenvolvimento de novos tratamentos.

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Entendendo os medicamentos psicotrópicos

Medicamentos psicotrópicos são substâncias que atuam no sistema nervoso central, alterando a atividade cerebral. Eles são utilizados para tratar uma série de transtornos mentais, desde depressão e ansiedade até esquizofrenia e transtorno bipolar.

Tipos de medicamentos psicotrópicos

Existem diversos tipos de medicamentos psicotrópicos, cada um com um propósito específico:

  • Por exemplo, psiquiatras usam antidepressivos para tratar depressão e alguns transtornos de ansiedade;
  • Utilizam antipsicóticos no tratamento de condições como esquizofrenia e transtorno bipolar;
  • Para aliviar a ansiedade e promover o sono, psiquiatras recorrem a ansiolíticos, como os benzodiazepínicos;
  • Finalmente, profissionais usam psicoestimulantes para tratar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Como os medicamentos psicotrópicos funcionam

Os medicamentos psicotrópicos funcionam alterando a química do cérebro. Eles podem aumentar ou diminuir a produção de certos neurotransmissores, substâncias químicas que transmitem mensagens entre as células nervosas. 

Por exemplo, antidepressivos podem aumentar os níveis de serotonina, um neurotransmissor que contribui com mecanismos que levam à melhora do humor. 

É importante lembrar que o uso desses medicamentos deve ser sempre acompanhado por um psiquiatra qualificado, como o Dr. Petrus.

Psicofarmacologia e saúde mental

A psicofarmacologia é uma ferramenta essencial na saúde mental de casos selecionados. Ela fornece os meios para tratar efetivamente uma variedade de transtornos, alterando a química cerebral para aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Tratamento de transtornos mentais

Os medicamentos psicotrópicos são usados para tratar uma ampla gama de transtornos mentais. O uso adequado desses medicamentos, sob a orientação de um médico psiquiatra, pode levar a melhorias significativas nos sintomas e na qualidade de vida dos casos selecionados.

Benefícios e riscos dos medicamentos psicotrópicos

Os medicamentos psicotrópicos têm muitos benefícios, incluindo a redução de sintomas, a melhora do funcionamento diário e a prevenção de recaídas. No entanto, como qualquer medicamento, eles também têm riscos. 

Os efeitos colaterais podem variar de leves a graves e podem incluir sonolência, ganho de peso e efeitos adversos mais sérios. 

Por isso, é crucial que um médico psiquiatra, como o Dr. Petrus, monitore de perto o uso desses medicamentos para garantir que os benefícios superem quaisquer riscos potenciais.

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Psicofarmacologia no dia a dia

A psicofarmacologia desempenha um papel significativo no cotidiano de muitas pessoas. Medicamentos psicotrópicos, quando usados corretamente, podem melhorar a capacidade de uma pessoa de funcionar e participar de atividades diárias.

Como a psicofarmacologia afeta a vida diária

Os medicamentos psicotrópicos podem ter um impacto direto na vida diária. Eles podem melhorar a concentração, reduzir a ansiedade, melhorar o humor e auxiliar no sono. 

Para alguém com depressão, por exemplo, um antidepressivo pode ajudar a restaurar a capacidade de se envolver em atividades que antes eram prazerosas. Para alguém com TDAH, um psicoestimulante pode melhorar a capacidade de se concentrar e concluir tarefas.

A importância da adesão ao tratamento

Manter a adesão ao tratamento é fundamental para maximizar os benefícios dos medicamentos psicotrópicos. Isso significa tomar o medicamento conforme prescrito pelo profissional de saúde mental, mesmo que os sintomas tenham melhorado. 

Semelhantemente, interromper o tratamento prematuramente ou tomar o medicamento de forma inconsistente pode levar a uma recaída dos sintomas ou a efeitos colaterais indesejados. 

A adesão ao tratamento também envolve reavaliações regulares em consulta com o psiquiatra para tratar de preocupações ou efeitos colaterais, permitindo ajustes no tratamento conforme necessário.

Fechamento: a importância da Psicofarmacologia no dia a dia

A psicofarmacologia tem um papel fundamental na melhoria da saúde mental de muitas pessoas. Os medicamentos psicotrópicos, quando usados corretamente e sob supervisão médica, podem trazer alívio significativo dos sintomas e permitir um funcionamento diário mais eficaz. 

A adesão ao tratamento é crucial para garantir o sucesso a longo prazo. Se você encontrou valor neste conteúdo e deseja saber mais, continue acompanhando nosso blog

Caso precise de uma consulta médica sobre saúde mental e psicofarmacologia, não hesite em buscar atendimento com um médico a que tenha acesso.

Se preferir, entre em contato para reservar seu horário com o Dr. Petrus. Ele estará à disposição para ajudar você a navegar por essas questões complexas e buscar o caminho para uma melhor saúde mental.


Medicamentos epigenéticos para transtornos de ansiedade?

Medicamentos epigenéticos para transtornos de ansiedade?

Por Dr. Petrus Raulino

Sobre os medicamentos epigenéticos

Medicamentos epigenéticos para transtornos de ansiedade ainda não são uma realidade na prática clínica, pois estão em fase de pesquisa experimental. Mas vale a pena acompanhar a evolução do conhecimento e saber sobre pesquisas em andamento. 

Os transtornos de ansiedade são transtornos mentais comuns com uma prevalência anual global de 7,3%. A idade de início desses transtornos geralmente é por volta dos 20 anos, com as mulheres tendo duas vezes mais chances de receberem o diagnóstico.

Acredita-se que fatores psicológicos e biológicos contribuam para a patogênese dos transtornos de ansiedade.

Fatores psicológicos

Os fatores psicológicos envolvidos na patogênese envolvem eventos traumáticos e estressantes da vida, especialmente durante a infância. O estresse é conhecido por ativar muitos circuitos neuronais, como os do hipocampo, e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).

Dentre os fatores biológicos, estão envolvidos mecanismos epigenéticos de expressão gênica, ou seja, traços complexos envolvendo múltiplos genes interagindo com fatores ambientais (não envolvendo mudanças na sequência do DNA, mas alterando a atividade de genes).

Os mecanismos epigenéticos envolvem mecanismos moleculares como metilação do DNA, hidroximetilação do DNA, modificações de histonas e regulação da expressão gênica mediada por RNA não codificador (ncRNA). 

Fatores biológicos

Fatores ambientais podem provocar alterações nos mecanismos epigenéticos.

Há evidências de que os mecanismos epigenéticos apresentam-se desregulados em praticamente todos os tipos de transtornos psiquiátricos e que esses mecanismos desregulados contribuam para a patogênese.

A importância de novas pesquisas

Existem várias classes de medicamentos eficazes para o tratamento da ansiedade. No entanto, nem todas as pessoas se adaptam aos medicamentos disponíveis atualmente, devido a efeitos colaterais ou falta de resposta terapêutica satisfatória.

Por isso, a importância de novas pesquisas. Uma classe potencial de novos medicamentos para o tratamento da ansiedade são os medicamentos epigenéticos.

Ensaios pré-clínicos e clínicos farmacológicos – ainda experimentais – usando HDACi (inibidor da histona-desacetilase) para o tratamento estão mostrando resultados favoráveis, o que permite a continuidade das pesquisas com amostras maiores de pacientes.

Conclusão

O modo de ação do HDACi em transtornos de ansiedade ainda não está claro. Mais pesquisas são necessárias para elucidar o modo de ação do HDACi no alívio dos sinais e sintomas dos transtornos de ansiedade.

Há um longo caminho a seguir nessa linha de pesquisa, mas o conhecimento científico abre novas possibilidades que poderão transformar futuramente o rol de opções terapêuticas para os transtornos de ansiedade.

 

Referências

Peedicayil, J. (2020). The Potential Role of Epigenetic Drugs in the Treatment of Anxiety Disorders. Neuropsychiatric disease and treatment16, 597.

Schiele, M. A., & Domschke, K. (2018). Epigenetics at the crossroads between genes, environment and resilience in anxiety disorders. Genes, Brain and Behavior17(3), e12423.

Stein, D. J., Scott, K. M., de Jonge, P., & Kessler, R. C. (2017). Epidemiology of anxiety disorders: from surveys to nosology and back. Dialogues in clinical neuroscience19(2), 127.

Bartlett, A. A., Singh, R., & Hunter, R. G. (2017). Anxiety and epigenetics. Neuroepigenomics in Aging and Disease, 145-166.

Maron, E., & Nutt, D. (2015). Biological predictors of pharmacological therapy in anxiety disorders. Dialogues in clinical neuroscience17(3), 305.

 


Efeitos epigenéticos induzidos por estabilizadores de humor na esquizofrenia e nos transtornos afetivos

Efeitos epigenéticos induzidos por estabilizadores de humor na Esquizofrenia e nos transtornos afetivos

Por Dr. Petrus Raulino

Uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Pharmacology e realizada pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia da Mayo Clinic apresentou uma revisão sistemática de estudos que investigaram alterações epigenéticas induzidas por estabilizadores de humor não antipsicóticos (valproato, lítio, lamotrigina e carbamazepina).

A revisão buscou artigos científicos com modelos animais, linhagens celulares humanas e pessoas com Transtorno Bipolar, Esquizofrenia e Transtorno Depressivo Maior.

O epigenoma

Conhecer o epigenoma – a dinâmica que determina a expressão dos genes – permite saber melhor como os genes funcionam. O epigenoma responde a sinais ambientais “ligando” ou “desligando” a atividade de genes.

As alterações epigenéticas envolvem rearranjos de cromatina reversíveis que induzem padrões de expressão gênica mitoticamente hereditária, estável, de longo prazo e reversível sem alterar a sequência de DNA.

A metilação do DNA e as modificações nas histonas são as marcas epigenéticas mais estudadas em contextos fisiológicos e patológicos.

Em circunstâncias fisiológicas, os mecanismos epigenéticos controlam os processos neurobiológicos, mas a desregulação desses mecanismos pode se traduzir em um aumento do risco de desenvolvimento de doença.

Epimutações secundárias às interações gene-ambiente foram descritas como tendo um papel fundamental na fisiopatologia dos principais transtornos psiquiátricos, pois o material genético pode responder a modificações das condições ambientais.

Apesar da complexidade genética dos transtornos mentais, as evidências sugerem que o epigenoma pode ser modificado por estabilizadores de humor, potencialmente traduzindo-se em mudanças de longo prazo na evolução do transtorno.

Conclusão da pesquisa

A revisão concluiu que os dados científicos disponíveis confirmam efeitos do valproato e lítio no epigenoma de genes associados a transtornos psiquiátricos por diferentes mecanismos, sobretudo metilação de DNA e acetilação de histonas.

A revisão sugeriu que lamotrigina e carbamazepina podem ter um papel maior na ativação de mecanismos epigenéticos do que o número reduzido de estudos com esses fármacos parece sugerir.

Uma compreensão mais avançada das alterações epigenéticas induzidas por fármacos poderá facilitar no futuro intervenções personalizadas.

 

Referências

Gardea-Resendez, M., Kucuker, M. U., Blacker, C. J., Ho, A. M. C., Croarkin, P. E., Frye, M. A., & Veldic, M. (2020). Dissecting the epigenetic changes induced by non-antipsychotic mood stabilizers on schizophrenia and affective disorders: a systematic review. Frontiers in pharmacology11, 467.

Esteller, M. (2006). The necessity of a human epigenome project. Carcinogenesis, 27(6), 1121-1125.


Por que os fármacos psiquiátricos ajudam alguns e não outros?

Por que os fármacos psiquiátricos ajudam alguns e não outros?

Por Dr. Petrus Raulino

A genética é conhecida por desempenhar um papel importante na manifestação de transtornos psiquiátricos.

Mas compreender como as variáveis genéticas afetam tratamentos é um quebra-cabeça de infindáveis peças.

Vários estudos em humanos e sistemas de modelos experimentais identificaram variações genéticas que podem ocasionar função neural anormal subjacente à ocorrência de transtornos mentais.

Estudos moleculares detalhados levaram ao desenvolvimento do conhecimento de muitos tratamentos farmacológicos para transtornos psiquiátricos.

Mesmo assim, muitos dos tratamentos psiquiátricos têm eficácia para alguns e não outros, provavelmente por questões genéticas.

Existem muitas publicações sobre como a genética pode influenciar o tratamento dos transtornos mentais, mas aqui vamos expor apenas um pequeno exemplo das possibilidades de pesquisa através de um estudo em modelo animal.

Nova pesquisa sobre as respostas ao tratamento

Uma pesquisa da Universidade do Colorado publicada na revista eLife demonstrou uma possível razão pela qual as diferenças de resposta ao tratamento possam existir.

Uma proteína no cérebro chamada Akt (proteína-quinase B) pode funcionar de maneira diferente entre homens e mulheres. Ou, no caso do estudo, entre camundongos machos e fêmeas.

A Akt é vista como uma das principais responsáveis por promover a “plasticidade sináptica”, isto é, a capacidade do cérebro de estabelecer conexões entre neurônios em resposta à alguma experiência.

Os pesquisadores conhecem três diferentes isoformas dessa proteína: Akt1, Akt2 e Akt3.

Isoformas são proteínas similares que se originam de um gene ou uma família de genes. Isoformas são resultado das diferenças genéticas.

A Akt1 quando combinada com a Akt2 no córtex pré-frontal é essencial para o aprendizado e memória. A Akt2, por exemplo, é encontrada em astrócitos e pode ter aumento de seus níveis quanto maior o grau de malignidade de gliomas. A Akt3 é associada ao desenvolvimento e ao crescimento do cérebro.

Os métodos utilizados no estudo com manipulação de roedores tiveram objetivo de analisar como camundongos machos e fêmeas reagem à deficiência de diferentes isoformas da Akt.

A deficiência de Akt1 afetou o comportamento relacionado a ansiedade, memória espacial, aprendizado e extinção (de medo ou memória) nos camundongos machos. Nas fêmeas não houve diferença. O mesmo ocorreu com a deficiência de Akt2.

Alterações comportamentais relacionadas a ansiedade, memória espacial, aprendizado e extinção (de medo ou memória) estão frequentemente presentes nos transtornos psiquiátricos.

Conclusão

O estudo demonstrou que diferentes isoformas de proteínas servem a diferentes propósitos e podem agir de maneira distinta em homens e mulheres, acrescentando mais uma peça ao enorme quebra-cabeça que é compreender os fatores genéticos associados a comportamentos.

A partir desse conhecimento, os pesquisadores têm a expectativa de que um dia seja possível focar em proteínas cerebrais específicas para tratar transtornos psiquiátricos de modo personalizado.

Mas há um longo caminho científico a ser percorrido. Por isso, mais estudos são necessários para entender como as diferenças da Akt podem ser úteis para que cada individuo receba o tratamento adequado à sua genética. Estamos atentos às novas pesquisas.

 

Referências

Wong, H., Levenga, J., LaPlante, L. E., Keller, B. N., Cooper-Sansone, A., Borski, C., ... & Hoeffer, C. A. (2020). Isoform-specific roles for Akt in affective behavior, spatial memory, and extinction related to psychiatric disorders. Elife, 9, e56630.

Musci, R. J., Augustinavicius, J. L., & Volk, H. (2019). Gene-environment interactions in psychiatry: recent evidence and clinical implications. Current psychiatry reports, 21(9), 1-10.

Renoir, T. (2014). New frontiers in the neuropsychopharmacology of mental illness. Frontiers in pharmacology, 5, 212.

Schumacher, J., Kristensen, A. S., Wendland, J. R., Nöthen, M. M., Mors, O., & McMahon, F. J. (2011). The genetics of panic disorder. Journal of medical genetics, 48(6), 361-368.

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