Por Dr. Petrus Raulino

Um estudo publicado na revista Molecular Psychiatry analisou dados de estudo de associação genômica ampla entre Esquizofrenia, Transtorno Bipolar e inteligência geral para investigar sobreposição de variantes genéticas comuns.

Esquizofrenia e Transtorno Bipolar

A Esquizofrenia e o Transtorno Bipolar são transtornos mentais mundialmente reconhecidos entre as principais causas de morbidade e mortalidade no mundo.

Embora sejam diferentes, podem eventualmente compartilhar algumas características clínicas, incluindo alterações do humor, pensamento, percepção e funcionamento social.

As manifestações clínicas desses transtornos podem ser acompanhadas por comprometimento cognitivo, embora este tenda a ser mais grave na Esquizofrenia do que no Transtorno Bipolar.

Dentre os domínios cognitivos estão funções executivas, aprendizagem verbal, velocidade de processamento e memória, bem como inteligência geral.

Evidências crescentes indicam que o risco genético para Esquizofrenia pode contribuir para o comprometimento cognitivo.

Por sua vez, a relação genética entre Transtorno Bipolar e função cognitiva ainda permanece pouco compreendida.

No estudo em questão ficou demonstrado uma sobreposição poligênica entre inteligência, Esquizofrenia e Transtorno Bipolar.

Um locus é o local fixo em um cromossomo onde está localizado determinado gene ou marcador genético.

No estudo, foram identificados 75 loci gênicos associados em conjunto com Esquizofrenia e inteligência e 12 loci gênicos associados em conjunto com Transtorno Bipolar e inteligência.

Entre os loci compartilhados, 20 foram novos loci de risco para Esquizofrenia e 4 foram novos para Transtorno Bipolar.

Ao todo, o estudo indicou que grandes frações das arquiteturas de risco genético subjacentes a Esquizofrenia, mutações genéticas e Transtorno Bipolar também influenciam a inteligência, embora de maneira diferente.

Os resultados sugeriram que a relação genética entre os três (Esquizofrenia, Transtorno Bipolar e inteligência) é mais complexa do que é expresso por suas correlações genéticas, o que pode explicar a diversidade de desempenho cognitivo entre os diferentes grupos de pacientes.

A pesquisa forneceu novos insights sobre as bases genéticas e moleculares do desempenho cognitivo alterado nesses grupos de pacientes.

 

Referências

Smeland, O. B., Bahrami, S., Frei, O., Shadrin, A., O’Connell, K., Savage, J., … & Andreassen, O. A. (2020). Genome-wide analysis reveals extensive genetic overlap between schizophrenia, bipolar disorder, and intelligence. Molecular psychiatry, 25(4), 844-853.

Consortium, I. S. (2009). Common polygenic variation contributes to risk of schizophrenia that overlaps with bipolar disorder. Nature, 460(7256), 748.

Kahn, R. S., & Keefe, R. S. (2013). Schizophrenia is a cognitive illness: time for a change in focus. JAMA psychiatry, 70(10), 1107-1112.

Keshavan, M. S., Morris, D. W., Sweeney, J. A., Pearlson, G., Thaker, G., Seidman, L. J., … & Tamminga, C. (2011). A dimensional approach to the psychosis spectrum between bipolar disorder and schizophrenia: the Schizo-Bipolar Scale. Schizophrenia research, 133(1-3), 250-254.

Simonsen, C., Sundet, K., Vaskinn, A., Birkenaes, A. B., Engh, J. A., Færden, A., … & Andreassen, O. A. (2011). Neurocognitive dysfunction in bipolar and schizophrenia spectrum disorders depends on history of psychosis rather than diagnostic group. Schizophrenia bulletin, 37(1), 73-83.

Keefe, R. S., & Fenton, W. S. (2007). How should DSM-V criteria for schizophrenia include cognitive impairment?. Schizophrenia bulletin, 33(4), 912-920.

Green, M. F. (2006). Cognitive impairment and functional outcome in schizophrenia and bipolar disorder. Journal of Clinical Psychiatry, 67, 3.